Tudo isto começou com (mais) um sonho. Tenho de fazer um
diário de sonhos. Não por qualquer razão esotérica, mas porque supostamente nos
ajudam a perceber o nosso subconsciente. Mas nunca o fiz, e os sonhos
esquecem-se quase por completo assim que te abanas a ti mais o choque para fora
de ti, e consegues voltar a adormecer, e agora já não me lembro daquele. Sei
que ias para o Tibete. Já não sei se ias comigo ou sem mim. Só me lembro do
Tibete, nem sei se sabias que eu sempre quis lá ir. Não sei se me disseste que
ias, só para me magoar, ou se fomos os dois. Se calhar já lá estávamos. Não faço
ideia. Mas havia qualquer coisa sobre o Tibete, e paisagens do Tibete, e ai,
sei lá eu.
Foi qualquer coisa, e atrofiou-me, porque eu sonho com
demónios e cadáveres de tripas de fora, e noivas em fuga (oh, este nem precisa
de diário). Não com fantasmas do p(re)ssado. Irrita-me solenemente que tenhas aparecido
no meu sonho, mas farto-me de rir perante a ideia (hipotetequíssima) de te
dizer para parares de lá dar um saltinho.
Assim, seja como for, leram-me a sina no outro dia. Eu não
queria. E quando quis, porque subestimei a força do lambrusco que me fizeram
beber, só disse “só não me diga quando vou morrer”, e o resto seja o que Deus
entender. Eu não acredito cegamente em nada, muito menos em nada que me
pretenda extorquir mundos e fundos para me dar respostas vagas. Mas para quem
já teve coisas muitos estranhas a acontecerem, que corrente de ar nem cansaço
mental nenhum justificavam, é impensável negar a cem por cento o que nos dizem
nestas brincadeiras. Sim, passado meia hora esquecemos. Mas nem por isso.
Então, comecei a sessão estilo super mulher de carreira, só
perguntas profissionais. Era eu que partia o baralho, era ela que dava as
cartas. A última era invariavelmente a do Triunfo. Deus te abençoe, filha, que
eu não posso. À medida que o alcoól me ia invadindo o sangue, e motivada por
tanto potencial triunfo, dei por mim a perguntar coisas que nem sabia que
queria perguntar. Lá veio o triunfo outra vez, mas só se se mexer “querida”. A
querida não se mexe, senhora bruxa. As suas cartas deviam-na ter avisado-
Porque diabo terá de ser sempre a querida a mexer-se? Não. Prioridades. Tempo.
Se não te dão tempo não és prioridade, hã?
Agora reparei noutra coisa. Também sem querer, juro. Não sou
stalker. Já tenho medo que por o dizer tantas vezes pensem que sou, mas juro
que não é o caso. Duas coisas me assustam: a morte, e stalkers. Nunca. Stalker,
nunca. Isto são coincidências infelizes, e mais nada. A não ser que a criatura
que vai para o Tibete comigo, ou sem mim, sei lá eu, esteja a fazer tudo isto
de propósito, tão absurdamente cruel que ninguém iria chegar lá.
Não- As pessoas normais não são assim, certo? As pessoas
estranhas como eu veêm sinais em tudo e mais alguma coisa, e as pessoas normais
riem-se, porque não têm imaginação ou criatividade suficientes para ver as
coisas da mesma forma… Certo? Ou porque sabem que as coisas não são realmente,
assim tão complexas. As coisas são aborrecidamente simples.
E aqui, peço desculpas à Maria com 17 anos, que veria sinais
mágicos e aborreceria as amigas com incessantes “tás a ver? Tás a ver? a nossa música estava a dar enquanto nos cruzámos no corredor”. A
Maria com 27 anos pede desculpas por: a) ser burra há 10 anos atrás e achar que
havia such a thing como sinais, ou b)
estar tão cínica e formatada, que ignora todas as ajudas do Universo e se
recusa a entender a mensagem que têm para lhe dar. E daí, oh Universo. It takes two to tango. De
que me serve a mim, sozinha, ver a luz?
Ah, pois.
Good luck with that.
No comments:
Post a Comment