04 June, 2008

Conspurcação da pureza acto 1º

As pessoas são chatas. Estou meio a dormir e não sonho com nada, este estado aborrece.

Tive um pesadelo a noite passada, e os pesadelos têm a clarividência que lhes quisermos atribuir. Eu acho que os pesadelos mostram o futuro. O meu pesadelo mostrou um futuro nojento. Não era necessariamente mau, aquilo. Não tinha nada a ver com sofrimento. Era nojento, apenas isso.



No meu pesadelo havia pessoas chatas. E muito branco. Não gosto de branco. Eu estava cheia de branco e tentava desesperadamente livrar-me dele. Não, não era vestida de branco. Não sou fã de casamentos, mas neste sonho, antes fosse. Era coberta de branco, de um branco fúngico nojento que não deixa dúvidas sobre a sua simbologia. Havia carradas de gente chata no meu quarto e toda a gente estava coberta de branco. O branco não é a cor da pureza. Já não. É sujo. Sufocante de alguma forma. Como quando as noivas se vestem de branco e têm reacções alérgicas pela culpa de já não serem virgens. Não sei que digo. Tive um sonho mau e não consigo exorcizá-lo da minha cabeça.



Vamos a ver, pela ciência os sonhos são manifestações do subconsciente. Mas onde vai a nossa cabeça buscar semelhantes coisas? Como somos capazes de produzir histórias tão coerentes (e absurdas ao mesmo tempo), imagens tão macabras, situações tão desesperantes? E se os místicos e esotéricos estiverem certos (afinal, porque nos convencemos que a ciência tem sempre razão?), e se isto for um exagero macabro do futuro que me espera?

Eu não escolhi este futuro. Não escolhi ser esmagada por uma imensidão de branco, não quero fugir aos gritos do meu próprio quarto, apenas para encontrar um beco sem saída com paredes de 10m.



Tenho um poder assustador para esconder a minha impotência.



(será que isto significa que devia parar com as bebidas brancas? Senhora cartomante, eu sei que estava ébria, mas diga-me lá outra vez o que me disse, que eu acho que troquei tudo. só me lembro de me dizer que a minha aura era roxa, e isso não é bom)

O que me diz de feitiços e de escolhas? E de escolhas forçadas por feitiços? Deixe-se de me dar desculpas. Escolhas são escolhas. Os feitiços só nos afectam se formos ou estivermos fracos, sempre ouvi dizer... Ah... Está explicado, vendo bem. Acabo sempre por reafirmar a certeza da fraqueza (não, não é da minha) e não sei porque ainda me surpreende. Não são feitiços, minha senhora. É burrice pura e masoquismo gritante.

Mal por mal, antes o branco nojento do sonho repulsivo. E de todos os sinónimos que possa encontrar.