14 August, 2010

X Factor, vai à merda!

Argh. Não é que a ideia (que cada vez ganha mais solidez e quase deixa de ser um conceito abstracto) de a minha vida ser um hino à ironia e ao humor negro não tenha a sua piada. Numa de piada sádica, de se perguntar "Qual é o pior que pode acontecer?" e isso acontecer (quase) sempre, mas tem a sua piada. Se isto fosse outra vida qualquer que não a minha e eu estivesse a vê-la de fora teria certamente a sua graça. Tipo o azarado dos filmes a que eu não acho piada porque me identifico demasiado. Só as pessoas com sorte é que acham piada aos azarados dos filmes.
Mas continuando, que já estou outra vez a dissertar. Transformem a minha vida numa novela mexicana o que quiserem, mas ao menos não sigam a fórmula das novelas: sejam originais. Porque sempre a mesma coisa não tem piada nenhuma. Nem para apreciadores de humor negro. Ou só talvez para aqueles americanos morbidamente obesos, burros e preguiçosos que ficam no sofá a ver programas de home video e riem histericamente em cada uma das 30 vezes em que um puto com um taco de baseball manda uma bolada nos tomates do pai. E esse não é, definitivamente, o meu público alvo.

Estamos na idade em que a maioria das pessoas já se apaixonou. Se calhar não tivemos ainda o amor das nossas vidas, se é que isso existe, mas já tivemos alguém que nos fez sentir coisas que não sabíamos que existiam. As pessoas marcam, é um facto. Nem todas (eu que o diga), mas de vez em quando aparece uma que consegue imprimir-se em nós e talvez seja irrealista esperar encontrar alguém com o coração absolutamente livre de cicatrizes. Tudo bem. Perfeitamente normal. Mas a cena de só me calharem na rifa homens com assuntos mal resolvidos (de todas as maneiras) com ex-namoradas já aborrece. Toda a gente já gostou de alguém, mas isto é demais. Não me queiram fazer acreditar que todos os homens voltam para a ex. Se assim fosse andávamos todas com o primeiro namoradinho da vida. Há (tem de haver) relações que simplesmente acabam. Não temporariamente e às prestações, mas de vez.

Com os "meus" (meus com umas GRANDES aspas, obviamente) não. Voltam todos para o raio da ex namorada, e lá fico eu com o rótulo de rebound girl, de in between, de nothing, a sentir-me triste e burra porque a verdade é que já tinha obrigação de saber melhor. Pois estou absolutamente farta. Farta de conhecer uma pessoa interessante (das poucas vezes em que isso acontece) e ao fim de meia hora a conversa ir parar a "a minha ex não gostava de favas" ou equivalente. Red flag, meia dúzia de perguntar como quem não quer a coisa e lá vem o inevitável "é complicado".
Contrariando a psicologia pop, não sou eu que ando atrás destes tipos. Vá, talvez um pouco, o meu medo de compromissos pode levar-me a subconscientemente me apaixonar por pessoas que não querem um compromisso (não comigo, neste caso). Mas não absolutamente. Não, eles perseguem-me, são obstinados, decididos, falam com os olhos a brilhar e tentam deitar por terra as minhas dúvidas (super pertinentes). E quando eu caio, voltam para a ex namorada.

Well, not this time. Olha, rapaz, não quero saber do quanto me chateeies (e tenho um feeling que vais ser dolorosamente chato), nem de quantos origamis ou lá que raio é aquilo me ofereças, não estou praí virada. Tenho de admitir que sóbria não te acho nem metade da piada (nem metade da metade da metade) que achei quando te conheci, o que torna isto muito mais fácil. Para ser magoada, ao menos que seja por um que me tire o ar, como o mordedor de braços e o seu amigo mordedor de pernas. Senão ainda é mais estúpido.
Mesmo se me fizesses sentir no topo do Mundo (ah, aquela sensação assassina e indutora de erros caros!) não me apanhavas na mesma. Eu posso não conseguir controlar quem atraio, mas esse cenário já não me atrai. Foram tantas vezes (aliás, nem foram propriamente muitas, mas foram devastadoras, e foram certamente vezes demais para o tipo de cenário improvável, azarado e frustrante) que já enjoa. À terceira não caio. E não é por não ser parva, mas como diria o meu querido Pavlov, até um cão aprende com a experiência.

10 August, 2010

Puzzles

If all the best people are crazy, maybe they are also a bit hurt and frustrated.
Being crazy as I see it comes from beng naive. Being naive makes you bound to get hurt. Getting hurt makes you feel more and more frustrated.

Being naive seems to be one of the biggest curses one can bare. Yet I'm afraid that I might not be so naive anymore. Anyway. The damage is done. I'm hurt and frustrated (no point denying it anymore). Maybe I'm broken into so many little pieces that only someone with an above average patiente would be willing to take the time to try and glue me back together.

I have to find a man who likes puzzles.

05 August, 2010

This too shall pass (maybe not)

É um daqueles dias com livros velhos a cheirar a mofo, caixas de pizza e milhares de cigarros em que se dorme, se acorda, se come e se lê, e se volta a dormir. Não se contam calorias nem nicotina, não interessa. É pena que não chova, a chuva e o cheiro a terra molhada é que tornam estes dias perfeitos. Tenho saudades do Inverno. É mais aceitável estar-se triste no Inverno. De facto, é mais feliz estar-se triste no Inverno.

Gostava de viver permanentemente no Inverno, não no metafórico, porque esse já não vai a lado nenhum, mas gostava que o Inverno físico e o metafórico pudessem coincidir sempre. Não sou de introspecções, não sei porquê, nunca fui e quando tento fazer algo que se assemelhe acabo por me perder a meio do caminho, não sei se não me sei analisar por falta de prática ou se tenho medo de mergulhar no meu subconsciente e ser confrontada com o quão doente estou... e não poder voltar para trás. Já chove há tanto tempo, cada vez mais e mais. Enxurradas, derrocadas, desabamentos de terras e casas, e o Mundo ao sol, a assistir. E eu a ser arrastada pela corrente. sem parar, puxada com tanta força e de tal maneira que nem consigo simplesmente deixar-me afogar, porque o lodo é espesso e a corrente é forte, e vai-me arrastando, e eu não tenho forças nem para sair dela nem para me perder nela.

É isso, chove há tempo demais. Não me lembro do que é o Sol, e sei que ele não vai voltar a brilhar. Já passou tempo demais, e não há bombeiros, nem aldeões solidários, nem heróis anónimos que me tirem deste rio de lama. Limitam-se a olhar, uns agradecendo aos céus por terem bom tempo, outros acusando-me não sair porque não quero, que a corrente nem parece assim tão forte. Talvez tenham razão. Mas continua a chover abundantemente e a água não me deixa ver nada. Precisava que alguém me estendesse uma mão, mas ninguém está para se dar ao trabalho. Estou a afogar-me lentamente há quase 3 anos, implorando a um qualquer Deus para me dar um sinal, e ninguém me estende uma mão. 3 anos é demasiado tempo para esperar por algo que nunca vem, e torna-se inevitável acordar e ver que o mais provável é que nunca venha. Algumas pessoas não estã destinadas a ser salvas. Algumas pessoas existem apenas para ensinar uma lição aos restantes. Talvez a não se queixarem tanto. Mas não faz mal, eu já não espero ajuda de ninguém, apesar de ser quase impossível salvar-me sozinha. Mesmo assim, se sair, é pelo meu próprio pé. E se me afogar de vez, a loucura já se instalou de tal forma que nem me vou aperceber que morri. Nem eu, nem eles. No great loss.

Vou voltar aos livros e aos cigarros, porque estou farta de estar triste, estou farta de sentir pena de mim própria, como uma idiota, e não estou ainda pronta para admitir que já não acredito em nada, apesar de ser exactamente isso que se passa. E não quero ser queixinhas, estou farta de ser queixinhas, mas estou a perder a fé em mim e na humanidade outra vez, e só me apetece abrir a janela e berrar a Deus "JÁ CHEGA!!!!!!!!!!!!!!!!". Mas não posso, por causa dos vizinhos.