22 December, 2014

I get to the front of the line, and the check opens up that leads to the non-horrible looking guy. As I put my books down on the counter, he makes this face. Confused, I would assume.
- So, is any of these for you?
- The Murakami one.
- Ha! I was afraid it was the past lives one.
- I was afraid you thought it was that one too.
- No, not really. Insteresting selection though.
- Well, Murakami for me, the one about politics if for my dad and the mambo-jambo one is for a friend. She breathes that crap.
- Maybe you should buy her something better, try to turn her off of it.
- That would be impossible. I'd rather buy her something she likes, regardless of my own thoughts on the matter.
- I see. Well, believe it or not I say way more people buying that crap then I'd like to admit.
- I believe you. Sadly, I do.
- It's 48,50.
- Outch.
- If you'd like I could maybe make you a small discount, but since I can't really make discounts here unless announced, how about I take you out for a cup of coffee or something?
- You're cute. Does that ever work?
- Does what ever work?
- That line.
- It's not a line. I would like to take you out for coffee, that's all. I would like to keep talking to you and there's a big line behind you.
- I see. Do you say that to all your clients? Is it supported by the management? Is it a marketing strategy?
- What? You're crazy.
- And that's the point, and the reason why I'll have to say no to your request.
- Becayse you're crazy? That's ok, I like crazy. Really. Maybe a little too much.
- I'm not the kind of crazy people like. Thanks and happy holidays, bye.

23 November, 2014

I'm alive. Do you know how important that is?
No you don't.
Of course you don't.
I could be lying dead in a pool of blood, and you would know 3 days later like the rest of them. And that's ok.
I lie,
That is not ok.
That is NOT ok.

08 November, 2014

Everything and yet another nothing

Tudo isto começou com (mais) um sonho. Tenho de fazer um diário de sonhos. Não por qualquer razão esotérica, mas porque supostamente nos ajudam a perceber o nosso subconsciente. Mas nunca o fiz, e os sonhos esquecem-se quase por completo assim que te abanas a ti mais o choque para fora de ti, e consegues voltar a adormecer, e agora já não me lembro daquele. Sei que ias para o Tibete. Já não sei se ias comigo ou sem mim. Só me lembro do Tibete, nem sei se sabias que eu sempre quis lá ir. Não sei se me disseste que ias, só para me magoar, ou se fomos os dois. Se calhar já lá estávamos. Não faço ideia. Mas havia qualquer coisa sobre o Tibete, e paisagens do Tibete, e ai, sei lá eu.

Foi qualquer coisa, e atrofiou-me, porque eu sonho com demónios e cadáveres de tripas de fora, e noivas em fuga (oh, este nem precisa de diário). Não com fantasmas do p(re)ssado. Irrita-me solenemente que tenhas aparecido no meu sonho, mas farto-me de rir perante a ideia (hipotetequíssima) de te dizer para parares de lá dar um saltinho.

Assim, seja como for, leram-me a sina no outro dia. Eu não queria. E quando quis, porque subestimei a força do lambrusco que me fizeram beber, só disse “só não me diga quando vou morrer”, e o resto seja o que Deus entender. Eu não acredito cegamente em nada, muito menos em nada que me pretenda extorquir mundos e fundos para me dar respostas vagas. Mas para quem já teve coisas muitos estranhas a acontecerem, que corrente de ar nem cansaço mental nenhum justificavam, é impensável negar a cem por cento o que nos dizem nestas brincadeiras. Sim, passado meia hora esquecemos. Mas nem por isso.

Então, comecei a sessão estilo super mulher de carreira, só perguntas profissionais. Era eu que partia o baralho, era ela que dava as cartas. A última era invariavelmente a do Triunfo. Deus te abençoe, filha, que eu não posso. À medida que o alcoól me ia invadindo o sangue, e motivada por tanto potencial triunfo, dei por mim a perguntar coisas que nem sabia que queria perguntar. Lá veio o triunfo outra vez, mas só se se mexer “querida”. A querida não se mexe, senhora bruxa. As suas cartas deviam-na ter avisado- Porque diabo terá de ser sempre a querida a mexer-se? Não. Prioridades. Tempo. Se não te dão tempo não és prioridade, hã?

Agora reparei noutra coisa. Também sem querer, juro. Não sou stalker. Já tenho medo que por o dizer tantas vezes pensem que sou, mas juro que não é o caso. Duas coisas me assustam: a morte, e stalkers. Nunca. Stalker, nunca. Isto são coincidências infelizes, e mais nada. A não ser que a criatura que vai para o Tibete comigo, ou sem mim, sei lá eu, esteja a fazer tudo isto de propósito, tão absurdamente cruel que ninguém iria chegar lá.

Não- As pessoas normais não são assim, certo? As pessoas estranhas como eu veêm sinais em tudo e mais alguma coisa, e as pessoas normais riem-se, porque não têm imaginação ou criatividade suficientes para ver as coisas da mesma forma… Certo? Ou porque sabem que as coisas não são realmente, assim tão complexas. As coisas são aborrecidamente simples.
E aqui, peço desculpas à Maria com 17 anos, que veria sinais mágicos e aborreceria as amigas com incessantes “tás a ver? Tás a ver? a nossa música estava a dar enquanto nos cruzámos no corredor”. A Maria com 27 anos pede desculpas por: a) ser burra há 10 anos atrás e achar que havia such a thing como sinais, ou b) estar tão cínica e formatada, que ignora todas as ajudas do Universo e se recusa a entender a mensagem que têm para lhe dar. E daí, oh Universo. It takes two to tango. De que me serve a mim, sozinha, ver a luz?

Ah, pois. Good luck with that.

23 October, 2014

Do you still remember me?

Do you even remember me?

Will I show up among the million images you’ll see as your life flashes before your eyes?
Or will I be a blank page someone ripped off because it was bland, boring, not interesting enough? Not meaningful enough?

I find myself missing the kitchen floor, and that silly song that was the best thing I’d ever heard because you showed it to me. I don’t want to go back. I wouldn’t go back there. There’s no complex reasoning behind it. I’m not hurt – well, I am, but it’s not like that. There’s no feeling left. None. Zero. And that’s what I miss. A time when I felt so much, too much, and I just wanted to be a cynic, I just wanted to be dead inside. But that’s the problem: if you had ever been dead inside, you would never want it again. You’re talking out of your ass, as usual. Until you’re not. Until you understand, you’re there. It happened. And now you just want to go back and you have no idea how to.

I would give anything to go back to that. Not to that moment. Not to you. To who I was. To this naïve idiot who would laugh like a maniac on a kitchen floor, because she was in love. To this person who would believe, even if for a second, that everything would work out. Who would make sappy playlists on her ipod and sing along in the rain, and not give two fucks if she looked crazy, because she was. And she was glad she was.

To this dumbass who just wanted to be in love. And to whom the worst possible outcome would be dying without knowing what that felt like. She didn’t want money, she didn’t want fame. She would welcome them, but in her dying bed, they wouldn’t matter. Only love would matter. And now she’s all grown up, and all fucked up, and she’s come to realize that not everybody gets a happy ending. That’s just something people say. Some people really do die alone. Oh well. That’s not her – why the fuck am I calling me “her”?  - problem. It never was.


Her – my – problem is that I’m starting to understand that maybe, just maybe, I am meant to end up alone. Not just out of bad luck, not just due to my commitment phobia. When I am alone I’m adjusted, happy, relaxed. And when I get close to falling in love I turn into this train wreck nervous mess, I’m destructive, uncomfortable, weird. Being in love is not my natural state. I don’t know how to deal with it. And without fail, I always fail. Maybe my problem is that I find it too hard within myself, to admit, in this society, that maybe, just maybe, I’m happier being alone. Or maybe my problem is that, even though I know all this, I’m still not ready to die without knowing what it feels like to (really) be loved. So can somebody just love me already, so I can fuck it up and then be blissfully happy alone for the rest of my days? Thanks.

17 October, 2014

Saí de casa, e o cheiro a fritos do hall ficou-me no nariz durante uns bons 100 metros. Quem é que frita batatas hoje em dia? Nem quero saber, Lá ia eu, a andar ao ritmo das músicas absurdamente perfeitas do mp3. O A veio atrás de mim, não sejas fraca, e há uns bons anos eu teria respondido que ser fraca era não lutar, mas não agora. Ser fraca, ser fraco, isto não é uma questão de género. É humilhares-te, Seja o que for que isso significa para ti. E eu não preciso de uma restraining order para me dizer que me estou a humilhar. Basta um olhar trocista. E é demais.
Mas eu humilho-me tanto ou menos que a história o permita. Há uma rua, que cada vez que lá passo, sinto um arrepio na espinha. E depois, nunca tive de levar um sopapo na cara para ver a realidade. Tive de dar muitos. O meu orgulho vale quase tanto quanto a minha vida. Se esperas que me ponha de joelhos, e não para te satisfazer mas para te implorar, já esperaste demais. Se tiver 70 anos e disser às minhas netas para não serem tão orgulhosas, tu e a tua stepford wife vão estar a rir-se, Mas se gostasses de mim, não exigirias que me agachasse, nem que te chupasse o ego.

04 September, 2014

Just a silly questionnaire.

1.      How old would you be if you didn’t know how old you are? 19
2.     Which is worse, failing or never trying? Never trying (for fear of failing)
3.     If life is so short, why do we do so many things we don’t like and like so many things we don’t do? For fear of judgment/trying to fit in/social convention/responsabilities
4.     When it’s all said and done, will you have said more than you’ve done? I hope not.
5.     What is the one thing you’d most like to change about the world? Lack of empathy in general
6.     If happiness was the national currency, what kind of work would make you rich? Being a doctor or an advocate for women’s rights.
7.      Are you doing what you believe in, or are you settling for what you are doing? A bit of both.
8.     If the average human life span was 40 years, how would you live your life differently? I would stop justifying myself all the time. And I would travel a lot more.
9.     To what degree have you actually controlled the course your life has taken? Some, a lot of it just happened.
10.  Are you more worried about doing things right, or doing the right things? Doing the right things
11.   You’re having lunch with three people you respect and admire.  They all start criticizing a close friend of yours, not knowing she is your friend.  The criticism is distasteful and unjustified.  What do you do? I tell them that she’s my friend and they’re only saying those things because they don’t really know her well enough. And I probably won’t admire them as much after that.
12.   If you could offer a newborn child only one piece of advice, what would it be? Be genuine and never let them break you.
13.   Would you break the law to save a loved one? Yes
14.   Have you ever seen insanity where you later saw creativity? Always
15.   What’s something you know you do differently than most people? I couldn’t put on a mask, even if I wanted to. Also, having the ability to put myself in someone else’s shoes.
16.   How come the things that make you happy don’t make everyone happy? Everyone’s different.
17.   What one thing have you not done that you really want to do?  What’s holding you back? Being a doctor, what’s holding me back is not knowing chemistry and feeling like I’m too old to go down that road.
18.  Are you holding onto something you need to let go of? Yes.
19.   If you had to move to a state or country besides the one you currently live in, where would you move and why? USA, always wanted to live there.
20.  Do you push the elevator button more than once?  Do you really believe it makes the elevator faster? No.
21.   Would you rather be a worried genius or a joyful simpleton? Joyful simpleton, no doubt. Ignorance is bliss.
22.  Why are you, you? Because I couldn’t be anything else.
23.  Have you been the kind of friend you want as a friend? Not always.
24.  Which is worse, when a good friend moves away, or losing touch with a good friend who lives right near you? When a good friend moves away
25.  What are you most grateful for? Still having a chance at happiness. Stil breathing. Finally starting to learn a few things about life.
26.  Would you rather lose all of your old memories, or never be able to make new ones? Lose all my old memories.
27.  Is is possible to know the truth without challenging it first? No.
28.  Has your greatest fear ever come true? Maybe, but I’ll only be sure the moment I die.
29.  Do you remember that time 5 years ago when you were extremely upset?  Does it really matter now? Not the moment in itself, but it matters what it did to me.
30.  What is your happiest childhood memory?  What makes it so special? Any memory of my mom.
31.   At what time in your recent past have you felt most passionate and alive? Whenever I shared a laugh with good friends. And during my first anatomy class.
32.  If not now, then when? When and if I finally figure it out.
33.  If you haven’t achieved it yet, what do you have to lose? A dream
34.  Have you ever been with someone, said nothing, and walked away feeling like you just had the best conversation ever? No. But always wanted to. I have trouble feeling comfortable in silence.
35.  Why do religions that support love cause so many wars? Because even if the principles and values are right, the people who should apply them are corrupted and will always end up distorting them.
36.  Is it possible to know, without a doubt, what is good and what is evil? Some things yes, but there are grey areas.
37.  If you just won a million dollars, would you quit your job? Probably not.
38.  Would you rather have less work to do, or more work you actually enjoy doing? Less work.
39.  Do you feel like you’ve lived this day a hundred times before? Yes
40.  When was the last time you marched into the dark with only the soft glow of an idea you strongly believed in? It’s been a while
41.   If you knew that everyone you know was going to die tomorrow, who would you visit today? My best friends, and my dad.
42.  Would you be willing to reduce your life expectancy by 10 years to become extremely attractive or famous? Yes. I wish I could say no, but I would be lying.
43.  What is the difference between being alive and truly living? Learning to accept yourself, do the things you love and not apologize being who you are.
44.  When is it time to stop calculating risk and rewards, and just go ahead and do what you know is right? For me, now.
45.  If we learn from our mistakes, why are we always so afraid to make a mistake? Because sometimes we repeat them. We don’t always learn the first time.
46.  What would you do differently if you knew nobody would judge you? I would stop caring so much about other people’s opinions. I already do what I want to do, but I can’t stop letting judgment affect me too much.
47.  When was the last time you noticed the sound of your own breathing? Last night. I always do that when I have insomnia.
48.  What do you love?  Have any of your recent actions openly expressed this love? Literally falling to the floor laughing. Feeling vulnerable without being afraid. Books, sunsets, taking a good macro, eating without counting calories. childish silly moments with friends. Browsing through old memories. Daydreaming. Yes.
49.  In 5 years from now, will you remember what you did yesterday?  What about the day before that?  Or the day before that? Probably not. Nothing remarkable.

50.  Decisions are being made right now.  The question is:  Are you making them for yourself, or are you letting others make them for you? For myself, but I have yet to learn to keep them from influencing me completely.

01 September, 2014

This is an old text. And an actual reminder.

Man, I sure have a weird mind. It's just the same as when I'm in a public place and something bad happens. I start repeating to myself "Don't cry, just don't cry", and sure enough, before I know it my face is all wet and I can't stop it. I think my mind likes to sabotage itself. I never cry at home. Ever. Except from a few times watching really depressing movies. And even then it's usually just a single lonely tear. But in public, when I know I can't cry, when I know people will be watching, and commenting, I can't help it. It's the pressure. In job interviews, I always say I'm good under pressure. And I'm not lying. I'm good under pressure. Professionally. When it comes to my own pressure, I cave. All Hell breaks loose. I'm the crazy girl in the back, bawling and kicking and screaming, yet again.

I once tried saying "Just cry, you have to cry right now!". It helped. I didn’t cry. I don't know why I always forget to do that. But I do. I try to boss my mind around and the bitch's a rebel, it does exactly the opposite of what I tell it to do. So when I say "Don't panic", before I even let my inner voice finish the sentence, my whole body starts tingling, my heart starts racing, the butterflies start punching my stomach, and I'm in a frenzy. All of a sudden I'm thinking "Don't you dare mess this up". Which I always do. I need to use reverse psychology on myself. It's the only way. I'm being patient, I'm being funny and not too awkward, I'm being so freaking perfect that a big blowout is due anytime. Maybe the only way to prevent it is to tell myself to let it happen. I don't know. I'm freaking out. This is perfect. I don't do perfect. I do messed up, weird, impossible, foolish, punch-yourself-in-the-face pathetic. I'm not the perfect girl that has perfect things happen to her. I’m not the girl who can wear white and not spill on it. I’m the girl who starts sweating when she gets nervous – as my best friend says a little too often “you’re way too pretty to act like a geeky guy who sweats buckets as soon as the hot girl says hi to him”. But I kinda am, in a way.I'm the mess who's attracted to other messes and then has no option but messing it up even more.

I let the crazy out too soon. I never liked strategy games. I liked Age of Empires for a brief period but I gave it up because I didn't have the patience to create an army before I went on trying to conquer the land. I created something like 10 soldiers, 3 archers and a few guys on horses, can't remember the name, and then I threw myself into the arms of the enemy. It was always a massacre. I don't like chess, I don't like anything where you have to carefully plan your move and antecipate your enemy's moves. I'm too impulsive. If patience is a virtue I'm not a very virtuous girl. But I realise that love's a game and I'm tired of knowing the rules and losing anyway. Everyone's insane. But they're smart enough to not let it show too soon. They wait, they scheme, and when they finally let their freak flag fly, the poor bastard is already in too deep. I made a mistake by thinking I could just be myself, flaws and all, and it would be alright. Honesty is always the best policy, right? No. I was wrong. No one wants to see my flaws. Bastards want to be deceived. So I'm being smart. I'm like this polished little version of myself. Not too polished, I'm still kind of a noob when it comes to this game, but so far it's working. However, I'm left with another question.


What will happen when the mask falls off?

12 August, 2014

Dust

Hoje consegui finalmente ter motivação para arrumar a minha estante do quarto. Ao fim de... 6 anos? Oink oink. Bem, não há-de ser agora, que finalmente limpei aquela merda (quase literalmente), que tenho de me sentir uma porca. Sempre limpei o quarto. Mas aquela estante, onde incompreensivelmente se iam acumulando coisas e mais coisas, a ponto de me sentir cansada mesmo antes de começar a limpá-la, tornou-se uma espécie de monstro, com lugar cativo num programa tipo "extreme hoarding".

Então hoje, e durante as 6 horas (!!!) que levei a pôr as coisas em ordem, passei por mais emoções do que um bipolar passa num ano inteiro. Tanta coisa escondida, encavalitada em 4 prateleiras. Desenhos a aguarela. "Um beijinho da Mãe". Foda-se, Mãe, beijinhos simbólicos não me tiram as dores. E caramba, porque é que tinhas que desenhar tão bem? Eras perfeita, eu sei. Cartões de parabéns de pessoas que já não reconheço, a dizer que estarão sempre aqui quando precisar. Por momentos perguntei-me, e se ligar agora, e ler este cartão, será que vão dizer "claro, estou sempre aqui. Que se passa?". Ou dirão "querida, cresce, I don't care anymore"? Cartas de amor. Disfarçadas, na altura não pareciam, eu ou era demasiado cega ou não queria ver.

Memórias fantásticas e terríveis, confinadas num espaço de 3x1,5m. Sinto-me estranha. Sinto-me ingrata. Às vezes parece que tenho noção de que realmente, alguém me amou. Mais do que um alguém. E depois esqueço-me e volto a sentir-me unloveable, num total desrespeito pelos sentimentos de quem me provou errada. Sinto-me demasiado confusa entre o inferno que passei e o que inventei, quis ter-me mártir, e desrespeitei todos os que me sentiram como inteira. Está na altura de superar o que foi e o que foi na minha cabeça. Chega de desculpas. Tal como a estante, tenho de arrumar esta cabeça e desprezar tudo o que não passe de entulho.

06 August, 2014

Men-whores

Então bora lá! O Verão (ou verão, com a merda do acordo perdeu importância) parece ter finalmente assentado arraiais! Wingmen, wingwomen, you know your mission!

Seleccionar a criatura com o QI mais baixo do pedaço, a criatura que veio das brenhas mas lá permaneceu em espírito. Boa, let's all gang up upon her to get eachother laid.


É el Verano, eu não julgo. Cago-me a rir com a descida abrupta de standards. E qual descida? Desceram, ou nunca existiram? Opá, assim não. Ou, aliás. Assim sim. Keep it up. É lindo de se ver.


Innocent fun, right? Queres um macacãozinho azul, rosa ou amarelo pró que der e vier?

31 July, 2014

Florence Nightmare

Dizem que quando sonhamos que alguém morre, estamos a dar-lhe vida. Eu não sou propriamente supersticiosa, mas também não deixo de ser. Como tento sempre explicar às pessoas de forma ridiculamente simplista, acho que o simples facto de os homens terem um pénis e as mulheres uma vagina é uma coincidência demasiado perfeita para ter sido randomly generated num Big Bang ou coisa do género. Alguma coisa há-de haver, e acho uma pretensão gigante da nossa parte acharmos que não. Viemos de onde, afinal? E antes que entre numa daquelas dissertações que são claramente demasiada fruta para o nosso triste cérebro humano, que se sente enrolado e exausto quando entramos nelas, vou mudar para o assunto original: sonhos.

Portanto, segundo o povo, estou a dar vida à pessoa que sonho que morre. Mas e se sonhar que a pessoa morreu, ressuscitou, e voltou a morrer horas depois? Que raio significa isso? Deverei aplicar a regra dos pesadelos fodidos e contar a alguém, para que não aconteça? E se contar a um blogue que já ninguém sabe que existe, isso conta? Eu sei que ando a falar muito de sonhos ultimamente. Mas isso é porque tenho andado a ter sonhos macabros e extremamente gráficos, e acordo toda atrofiada. Mas sempre os tive. Só que às vezes deixo de ter, e por algum motivo quando voltam nunca estou à espera. Mas estes, já vão em dois. E eu não costumo ter sonhos repetidos, e sim, tenho vergonha de admitir mas é verdade, fico a questionar-me se quererão dizer alguma coisa.

Então, ando a sonhar de que os gajos de quem gostei morrem, voltam à vida, e morrem outra vez. No primeiro, era o único gajo que eu amei nesta vida. Pretérito perfeito. Mas não no sonho. No sonho ele morria, e lembro-me da dor que senti, e isso é que me assustou, no sonho eu ainda o amava e mesmo a dormir senti-o, lembro-me do desespero como se fosse palpável. Depois ele ressuscitou, sabe-se lá como mas no sonho nem me importava, lembro-me que fizemos amor, mas longe de um sonho erótico, era absolutamente horrível, nem sei bem porquê ao certo, mas eu amava-o à mesma. No dia seguinte íamos jantar fora, mas pessoas que não sei quem eram pararam-me no meio da rua, tipo filme, e disseram "I'm so sorry, he's gone"-E como num filme B, corri para um saco do lixo que estava ali ao pé, e lá dentro estava o coração dele (lembro-me agora de um pormenor importante, ele tinha voltado à vida porque lhe tinham substituido uma válvula cardíaca, que aparentemente falhou). Bem, horrível. Horrível ter parecido tão realista, apesar do ridículo que foi.

Sonho segundo, fui sonhar com o A. Por mais que o meu orgulho não o queira admitir, eu nunca amei o A, mas estive lá perto. O sonho com o A foi medonho. Neste, ele não ressuscitou. Mas, à Sci-fi, morreu, e contaram-me que tinha caído de um telhado. E o dia seguinte não era o dia seguinte. O tempo tinha voltado incompreensivelmente atrás, estávamos no dia em que ele iria morrer, e cabia-me a mim evitá-lo. Em vez de parecer que estou a contar sonhos absurdos só porque sim, gostava de conseguir transpôr para as letras o quanto estes sonhos me transtornaram. Em primeiro lugar porque eu amava estas pessoas e conseguia senti-lo como neste momento sinto os meus dedos a bater no teclado. E isso fez-me um confusão enorme, porque fui logo sonhar com as duas pessoas que realmente me poderiam fazer sentir assim, mas não agora, e não nos últimos bons anos. Fucks me up. Mas continuando. O A era no meu sonho. tão destrutivo, ou quase, como o é na vida real. Pior, vivíamos numa cidade universitária inventada pelo meu subconsciente. onde em todos os telhados havia um toldo gigante tipo trampolim, e os estudantes, em vez de andarem a pé como no mundo real, saltavam de toldo em toldo, para se deslocarem pela cidade. E ele ia morrer caindo dum telhado. No meu sonho disse-lhe que ele ia morrer. e para ter cuidado, e ele riu-se de mim, como o faria na vida real. Então dei-lhe a mão, e saltei de toldo em toldo, com ele, a cidade lá em baixo, a 10metros de altura. Mas sobrevivemos. E quando começámos a andar pelas ruas como pessoas normais, eu tinha de o desviar da rota do comboio turístico, e de carros desgovernados que vinham contra nós. O pânico era real. Aquilo não era um sonho. Às vezes penso se os sonhos não o serão, e serão as nossas vidas numa outra dimensão, mas this is too much and I sound insane. Chegou a um ponto em que já tinha passado da meia noite e ele não tinha morrido, mas eu nem por isso estava descansada. Ele quis ir a uma festa e eu fui com ele. Não era uma festa numa casa. Era em ruelas tipo Bairro Alto, rodeadas de casas de 2/3 andares. A certo ponto ele desapareceu, eu estava bêbeda e corria as ruelas em desespero à procura dele. De repente começou a tocar uma cena super estranha, uma mistura da minha música preferida de Blink com a dele de Good Charlotte. E eu soube. Corri, em profundo pânico, tanto que ainda o sinto ao escrever isto. E vi-o à beira de um telhado, com uma bezana maior que ele, e soube que já não ia a tempo.

Nunca na vida sonhos me traumatizaram tanto como estes. Mas penso que, se ignorar a parte da superstição e for apenas pela parte pela parte psicológica, isto até pode ser bom. Só sonhei com 2 pessoas. Nenhuma terceira fez uma aparição. Ainda bem. That says a lot.

30 July, 2014

Sem sentido.

A gente nunca conhece verdadeiramente ninguém. Oh, diz-me algo que eu não saiba. Que as pessoas têm mil nuances, que são imprevisíveis, que a certa altura dá-lhes um vipe descomunal e começam a agir como o evil twin, e assim continuam, e que a gente fica a questionar-se se tiveram um curto-circuito e se tornaram uma pessoa diferente, ou se sempre foram assim e finalmente lhes caiu a máscara.

Toda esta conversa encaixa quando se fala de pessoas que conheces há anos e anos, e mais do que conhecer, conheces intimamente, a ponto de saber como aquela pessoa irá reagir em determinada situação, até que já não sabes mais porque as pessoas são imprevisíveis e esta resolveu relembrar-te isso.

Mas e se falarmos de pessoas que mal conheces? Se falarmos de pessoas como personagens de um conto nunca passado para o papel, na tua cabeça, a que atribuiste qualidades e defeitos fictícios só porque pareciam "encaixar" com a camada superficial que te mostraram? Odeio que me façam diagnósticos psicológicos/psiquiátricos baseados numa, ou em duas, observações casuais: sujeito A cruzou os braços quando lhe falei da infância, numa posição claramente defensiva, fechando-se a eventuais perguntas e aprofundamento do assunto. Sujeito A teve, obviamente, um qualquer trauma de infância. Ah, vão à merda com as vossas psicologias pop. Sujeito A cruzou muito provavelmente os braços por nada que mereça análise. Se calhar tinha frio.

Quem sou eu, então, para fazer tais diagnósticos? Quem sou eu para me sentir desiludida porque Sujeito B não é como eu platonicamente imaginei que fosse? Quem sou eu para me atrever a ofender-me por ter errado um diagnóstico que, em primeiro lugar não deveria ter feito, e em segundo lugar, não tinha dados suficientes para fazer? Não entendo porque insisto em querer tornar as pessoas em algo mais interessante do que realmente são, e me desiludir com isso à posteriori. Imagino heróis de guerra com PTSD enquanto à minha frente tenho vagabundos sem valores nem moral, e que muito se orgulham disso.

Ennui... AmIrite?

21 July, 2014

Fuuuu.... Só tenho sonhos absurdos e com falta de sal, mas vou sempre sonhar com o mesmo e queria parar. se fazem favor.

Um dia conto-te estas coisas todas, um dia mando-te o link desta porcaria deste blog, e se te acagaçares e fugires de marcha-atrás mando-te um "like", se fizeres como se nada fosse acho que te dou um soco, e tu não hás-de fazer nada porque sabes que seria merecido, e se fizeres mando-te outro, e tu sabes que a minha maldição dos braços gordos tem a sua razão de ser, foram muitos anos de ténis, há muito músculo nesta massa, ficas de quatro, já que não o ficaste da outra forma.

Às vezes gosto escrever só para mim, outras vezes pergunto-me se, já que sou tão teimosa e teimo em não aprender, não seria melhor mostrar estes diabos todos e perder-me por mil.

04 July, 2014

Não desejo a ninguém o peso de só ter uma pessoa no Mundo. E principalmente não desejo a ninguém (principalmente a mim própria) o peso de perder a única pessoa que se tem no Mundo.
Não é exagero. Não é drama. Eu só tenho, literalmente, uma pessoa no Mundo.

E ao fim de anos passados a telefonar obsessivamente, de lágrima ao canto do olho e diálogo interno aos gritos "CALMA CALMA CALMA" porque era meia-noite e ele ainda não tinha chegado, mas depois ia chegando sempre, eu aprendi a relativizar as coisas. Não é fácil ter uma pessoa no Mundo, e menos fácil é quando essa pessoa tem quase 80 anos. As coisas que podem correr mal são infinitas, e resta-me imaginar como será, e se será, daqui a um ano, dois, cinco?
Mas até hoje ele chegava sempre, e ou não tinha bateria, ou era demasiado nabo para saber atender o telefone, ou estava com a namorada nova (e isto é recente, que eu não o tenho como player, nunca foi, é-o um  bocadinho de nada se calhar agora, dá-me uma piada dos diabos, nunca é tarde aparentemente, mas também se é só uma não é player, é pessoa, gosta de companhia, como toda a gente, ao contrário do bicho do mato que lhe calhou por filha).

Mas tarde ou cedo, o carro estacionava sempre, a preocupação passava a irritação, toma-te! onde andaste tu tantas horas sem te dignares a dizer nada? Quase que gritava com ele, às vezes gritava mesmo, mas que falta de respeito, custava muito ligares a dizer que ias chegar tarde? Os papéis invertiam-se.  Filho és, pai serás. Às vezes pai de pai, é a paga pelos tempos em que ia à minha procura pela baixa, e eu o via através de uma rua transversal, corria para casa e me trancava no quarto cheia de medo. Abusando do poder, mas mais inocente e criança do que ele imaginava, talvez.

Hoje lá liguei outra vez, sentindo-me chata como sempre. Está tudo bem? Não, hospital, incoerências, tosses e sangues, o quê? Não sei, não sei de nada. Sempre vi toda a gente a falar casualmente dos pais, tios, primos, amantes no hospital com algo terrível. Sobrevivem sempre. Acho que é esse o truque. Como se não fosse nada. Eu, que me desunho, e toda eu tremo, e penso em coisas que não quero pensar, tenho apanhado quase sempre o pior desfecho. Não digo que os outros sejam insensíveis, mas há diferenças, há. Sei que tenho de levar como se nada fosse. Mas como, se é a minha única pessoa? Não me interessa que tenha 78 ou 100. É a minha única pessoa. Quando grito com ele, é por isso mesmo. Nem penses em deixar-me. Não quero saber.

Not yet, dad.

Not yet.

01 July, 2014

Nonsense II

Hoje tive um sonho daqueles. Daqueles de que não gosto. Dos realistas. Normalmente tenho sonhos absurdos. E mesmo assim sou demasiado estúpida para acordar a meio, demasiado estúpida para perceber que não é normal ter um alien e um demónio a perseguirem-me ao mesmo tempo. Mas assim que acordo, sei que foi um sonho. Agora os realistas, acordo e levo uns bons 10 segundos a perceber que ok, era tudo um sonho.Nem me interessa que pareça pouco tempo, são 10 segundos angustiantes na terra de ninguém.

Hoje enviaram-me uma carta. Scratch that, não enviaram, deram-ma em mão.
"Esta carta explica tudo"
"Mas que diabo, quem te diz a ti que eu quero que me expliques seja o que for?"
"Mas lê. Tudo vai fazer sentido.".
"Epá, mas que presunção da tua parte, achares que eu sequer queira que faça sentido. Não quero saber de nada disso, entendes? Get off your high horse"

Portanto, lá fui eu para casa. Sentei-me no sofá mais confortável que tenho. Acendi um incenso,como faço sempre que tenho de me acalmar, apesar de saber que não adianta de nada. A minha Tilde, lembro-me sempre dela gritando "MAS QUE É ESTA MERDA DESTE CHEIRO A MORTOS?!", e depois jogava sempre um copo d'água no pauzinho a arder, e realmente, esta merda começa a cheirar-me a mortos, mas tu nem sabes a que cheiram os mortos. Eu sei, mas para ti sou uma drama queen, e apesar de não reconheceres o cheiro a morto e eu dormir com eles, eu é que sou falsamente dramática, tu nunca.

Bem. Lá leio a carta. E reza do tipo nada. Nunca li nada tão confuso em toda a minha vida. E no dia seguinte perguntas-me se fiquei finalmente esclarecida, e eu, sempre com um medo mais absurdo do que os sonhos de parecer estúpida, digo que sim, mas fiquei na mesma, a carta foi igual a tudo, incompreensível. Páro na tua casa, pela primeira vez na puta, não sou stalker, antes fosse que tu queres é atenção, mas às vezes tenho atrofios do tipo de achar que até te mataste. E a gente sabe lá. fosse um sinal, lá estava o red, ainda cá estás, mas o sonho também não era contigo, contigo eu entendia-me bem, apesar de tudo, e a mim tu entendias-me bem, again, apesar de tudo.

13 June, 2014

Primeiro perseguiu a barata com uma sanha indescritível, um misto de emoção e medo, acertando-lhe finalmente uma paulada que a fez cair no lavatório, abrindo à pressa a torneira com a pressão máxima, e vendo depois a água a subir, o ralo sem abertura suficiente para escoar toda a água à rapidez necessária. A barata tentava nadar, e ele tentava acertar-lhe com o jacto da torneira, submergindo-a temporariamente, e deixando-a suficientemente confusa para perder as forças e se deixar levar, aos círculos, pela força centrífuga que fazia a água ao descer semi-lentamente pelo ralo. Irritou-se com a barata por dar tanta luta. "Deixa-te morrer de uma vez". Noutra altura teria apreciado uma barata combativa, mas não o suficiente para a deixar viver. Apenas o suficiente para lhe dar uma pseudo oportunidade. Para deixar toda a água escoar. E para quando ela pensasse que tinha conseguido, lhe deitar novo jacto de água e sentir o seu desespero por o pesadelo não ter acabado, afinal.
Não lhe dava propriamente prazer, este jogo sádico com a barata. A partir do momento em que ela caía na pia, estava à sua mercê. Nunca iria vencer. Se conseguisse começar a subir levaria nova paulada e ou morreria ou continuaria em jogo. Não tinha qualquer hipótese. Mas não se pode dizer que ele tivesse qualquer prazer no processo todo. Não a torturava, não lhe arrancava as patas todas uma a uma. Simplesmente esperava que ela perdesse as forças. Talvez fosse demasiado cobarde para lhe dar o golpe de misericórdia. Mas não era prazer sádico, isso não.
Pelo contrário, sentia-se completamente anestesiado a partir do momento em que a barata caía dentro da pia. Ela não poderia sobreviver. Era uma praga. Não trazia nada de bom. Era nojenta. E ele ia abrindo e fechando a torneira, vendo-a debater-se, farto do tempo que estava a demorar até ela desistir.

Depois pensou em deus. Ou Deus. E sentiu-se barata. Questionou-se se deus seria assim tão indiferente na altura de o levar. Se o faria com uma chinelada, de choque, à bruta, acidente de carro imperdoável ou coisa que o valha. Ou se ficaria, anestesiado, a vê-lo estrebuchar com um cancro ou equivalente, depois de lhe ter dado uma forte paulada seguida de afogamento, sem hipótese. Questionou-se se teria direito a pedir misericórdia, como criatura inferior, depois de ter sido ele próprio tão pouco misericordioso com uma criatura inferior. Depois fartou-se, bebeu um chá com cheirinho e foi dormir, feliz por ter, aparentemente, uma casa livre de bichos.

15 March, 2014

Second hand smoke

I looked at you and didn’t immediately recognize you, but once I did, my toes curled, my tongue dried, my heart raced. And honey, stop being an egomaniac. It wasn’t because I love you. It was because I loathe you.

E assim, I can relate. E vamos lá a clarificar esta merda. Eu não sou de ódios. Sou de aversões extremas temporárias, se assim lhes quiseres chamar. Quero eu. Mas depois a cena – seja o que for – geralmente passa, e dou por mim, tipo hippie, a desejar o melhor e muita luz na vida da pessoa em questão. As coisas dão merda, às vezes. E quando digo “coisas”, não o faço no estilo Bridget Jones. Não estou a falar de coisas man-woman and the like. Coisas são coisas, amorosas, amigadas, de trabalho, seja do que for. Coisas que achavas que iam resultar e te rebentaram na cara. Acontece. Graças a Zorg, como dizia no teatro, felizmente é raro. Mas acontece. E a gente sabe que sim.


“Every ending is a little death”. Tão verdade. E depois há toda a cena irritantemente real dos estadios, negação, raiva, negociação, e afins. Mas eu sempre disse, que okay, magoem-me à vontade se for sem intenção. Agora, se forem propositadamente filhos da puta, sendo que eu não vos fiz mal nenhum, não vos difamei, não vos prejudiquei de forma nenhuma em termos de trabalho, me limitei a ser estupidamente ingénua, e isso que eu saiba ainda não é ofensa, e fizerem questão de me atacar, principalmente insultando a minha inteligência achando que eu “não vou perceber”… Então… esta seria a parte em que eu iria sugerir uma qualquer vingança terrível. Não o vou fazer, tenciono ser irritantemente profissional quando for caso disso, e quando não o for, tenciono ser irritantemente humana. Portanto, darling, ou me explicas o porquê de seres tão descaradamente mete-nojo, ou te resumes ao silêncio e fazes de conta que não fizeste a grandessíssima merda que fizeste, pois aqui a gaja knows better than lixar-te, mas a verdade é que passas oficialmente a não ter moral para abrir a matraca. Okay…? Okay.

14 February, 2014

Roses are red, violets are blue, I'm a massive idiot and maybe so are you

Uma vez quando estava praí no 11º ano fiz algo que tinha jurado nunca fazer, e que jurei nunca mais fazer. Comecei a "andar" - não tenho saudades nenhumas desta definição idiota - com um rapaz enquanto gostava de outro. Farta de andar há um ano a contar quantas vezes ele olhava para mim nos intervalos e a escrever cenários hipotéticos no diário (cringe), sem a coisa ir a lado nenhum - em grande parte porque ele era um atado e eu tinha demasiado medo de ser rejeitada para lhe dizer que gostava dele, segui o conselho das minhas amigas "experientes" e lá disse que sim ao rapaz "giro e popular". Gostava de saber se o cenário de começar com alguém para esquecer outra pessoa alguma vez resulta. Comigo não resultou, sempre soube que não resultaria, e das demasiadas vezes em que eu fui o "alguém" usado para esquecer outra pessoa, quando já tinham idade para ter juízo, também não resultou.

Porque é que as pessoas insistem em repetir estes comportamentos injustos e egocêntricos? Porque é que não têm a decência de esperar que lhes passe a pancada pela outra pessoa - leve o tempo que levar - antes de andarem a meter pobres coitados inocentes ao barulho? Porque é que têm um pavor tão grande a estarem sozinhas? Caramba, se estou farta de conversas de gente farta de estar sozinha. Eu adoro estar sozinha. Gosto da minha companhia e farto-me de rir comigo. Tenho medo de gostar tanto de estar sozinha que já não sei estar de outra maneira. A ideia de ter de passar tempo com alguém de quem não gosto faz com que literalmente me custe respirar, e no entanto as pessoas preferem este cenário ao "horror" de estarem sozinhas. Não entendo.

No 11º ano ainda consegui estar duas semanas com o rapaz, sempre a sentir-me uma mentirosa da pior espécie. Ok, ele nem gostava assim tanto de mim, mas eu nem lhe dei hipótese para isso. No dia em que acabámos, completamente enojada com o que tinha feito, fui basicamente declarar-me ao outro, ou vai ou racha, não tenho paciência para mais um ano sem tu saberes que eu existo. Não foi nem rachou, o gajo levou o tempo todo a murmurar incompreensivelmente, quando me fartei e lhe perguntei preto no branco se gostava de mim respondeu-me "talvez" (gozo do caraças) e levei o resto dos dois anos do liceu num vai-não vai ridículo que acabou de forma mais ridícula ainda.

Eu sei perfeitamente onde vai dar forçar-me a estar com alguém. Talvez possa resultar, se com o tempo nos formos habituando à pessoa, até chegar o dia em que nos apercebemos que a amamos e... Oh, nem consigo acabar de escrever isto sem desatar a rir. A única coisa que pode acontecer aqui é passados 3 dias me sentir completamente sufocada e sem paciência, e a pessoa acabar a ressentir-me, e com razão.

Dizia eu que era imune à porcaria do dia dos namorados. E é suposto. Gosto mesmo de estar sozinha. Não tenho medo de morrer sozinha. Toda a gente morre sozinha, mesmo que morra de mão dada com o grande amor da sua vida. Mesmo que ele morra no mesmo instante. Mas a experiência de morrer é individual. Pessoal e intransmissível. Toda a gente morre sozinha. Tenho medo de morrer sem saber o que é amar e ser correspondida, ao mesmo tempo, pela mesma pessoa. Mas não tenho medo que levem anos até isso acontecer. Por isso é suposto eu não fazer coisas do tipo andar aos beijos e a olhar as estrelas com alguém, na madrugada do dia dos namorados, só porque descobri que esse alguém sempre teve uma "cena" por mim e subconscientemente estou farta de ninguém me achar especial. E afinal, que hipocrisia a minha. Se já houve tantos "ninguém" que o acharam. E eu é que escolho sempre mal. Ou estrago tudo. Ou... Ainda bem que as aulas começam segunda-feira, que eu estou bem é com a cabeça nos livros, sem tempo para magoar os outros e a mim própria. Raios partam o dia dos namorados.

01 February, 2014

Now What?

Disseram-me uma vez que eu escrevia num “estilo intimista”. Não tenho palavras para explicar o quanto odeio esta expressão. Nem sei explicar bem porquê, mas odeio. Lembra-me gente pretenciosa (coisa engraçada, odeio sentir que uma palavra está mal escrita, nas "pretensioso" parece ser português do Brazil, portanto)...a dizer falsidades pretenciosas, num bar pretencioso, num ambiente “intimista” (argh), à luz das velas. Não. Não sou eu. Também já me disseram que eu tenho um “estilo confessional”. Não tenho argumentos. Não escrevo nas virtualidades nenhum segredo obscuro que pudesse confiar a um padre, mas também não confio segredos obscuros a padre nenhum. A alma nenhuma. A verdade é que se há estilo a ser definido, o estilo é egocêntrico. Sem desculpas (e não será isto uma desculpa? Diferencio sempre desculpa de justificação e esqueço-me de que para a maioria das pessoas, as duas são equivalentes). Escrevo para mim, de forma menos aberta do que faria a um diário, mas para mim, de qualquer das formas. Se alguém ler e se identificar com alguma coisa, óptimo. Se não, tanto faz. Tenho de ser egocêntrica a escrever porque socialmente levo tanto tempo a ouvir os outros falar que não me sobra tempo para dizer tudo o que quero dizer. E se sobrasse, muito do que me apetece dizer não interessa verdadeiramente a ninguém, e eu sei-o.

Escrever é mais barato e mais eficaz do que psicanálise e afins, e se nunca passei definitivamente para o lado negro, é sem dúvida à escrita que o devo.

Mas… Mas recentemente, sinto-me cada vez mais perdida na minha escrita. Não sei escrever quando estou “bem”. Escrevo para desabafar, para cuspir para o papel tudo o que não posso efectivamente cuspir para a cara de alguém, ou de deus. Mesmo quando escrevo sobre personagens fictícias, só as sei construir ou iguais a mim ou o exacto oposto. Escrevo para me acalmar, para tentar chorar sozinha em vez de em frente a toda a gente (raramente choro sozinha. A pressão de não o poder fazer, por estar gente a ver e a julgar-me, é o que me faz fazê-lo).

Agora, não sei sobre o que escrever. Continuo com mil medos. Continuo com plena noção de mil coisas que podem correr mal. Mil e uma, vamos. Mas mudei tanto que não sei voltar a pegar em nada do que a minha pessoa fez antes de mim. Sinto-me como uma selvagem que foi levada para a sociedade e passa os dias contemplando a sua imagem no espelho, fascinada. Será que toda a gente fica tão abismada por ter mudado? Quer dizer, eu sempre soube que eventualmente aconteceria. Que um dia quereria ser alguém com mais que fazer do que chorar porque o A gosta da ex-namorada, ou o B nunca quis verdadeiramente conhecer-me. Talvez a diferença seja que os outros me veêm finalmente como responsável, como “estável”. E eu, que sempre me vi pelos olhos dos outros, não preciso finalmente deles, mas concordo com eles. Sou estável. Sou saudável. Não tenho piada nenhuma. Retenho um resquício do turbilhão que era, do turbilhão que nenhum conseguiu amar, mas que amava eu, e eu também tenho de contar para alguma coisa.

Hoje acordei, abri o mail de turma. Notas. Notas da professora que eu ia jurar que não gostava de mim, porque ignorava o meu braço no ar e se permitia ser interrompida por miúdos que nem licença pediam. Meio a tremer (porque agora me importo realmente com estas coisas), abri o documento. Lá estava, à frente do meu nome, o 20. Ao fim da tarde chegou o 18, e à noite veio o 19. E é assim. Uma corrente de notas fantásticas, numa área que não é (era) a minha. Amanhã vou jogar-me à vodka, finalmente sem culpas porque é a recompensa merecida depois de semanas como eremita, e não porque estou a tentar afogar qualquer demónio com barbatanas e não tenho mais que fazer. Depois volto a trancar-me em casa com os livros, a socializar com colegas que me veêm como um exemplo (e isto sim, ainda é estranho), a responder educadamente aos e-mails dos profs para o mail de turma, porque mais ninguém parece ter noção de que é suposto fazê-lo, e a vibrar com a monotonia, com a normalidade.

Infelizmente, isto não se traduz num escrito minimamente interessante, mas por muito que em tempos tenha adorado a melancolia e a desperança, hoje prefiro ser feliz do que interessante. Principalmente, e aqui vai o resquício, porque (quase) ninguém me achou suficientemente interessante para me querer fazer feliz.