08 November, 2014

Everything and yet another nothing

Tudo isto começou com (mais) um sonho. Tenho de fazer um diário de sonhos. Não por qualquer razão esotérica, mas porque supostamente nos ajudam a perceber o nosso subconsciente. Mas nunca o fiz, e os sonhos esquecem-se quase por completo assim que te abanas a ti mais o choque para fora de ti, e consegues voltar a adormecer, e agora já não me lembro daquele. Sei que ias para o Tibete. Já não sei se ias comigo ou sem mim. Só me lembro do Tibete, nem sei se sabias que eu sempre quis lá ir. Não sei se me disseste que ias, só para me magoar, ou se fomos os dois. Se calhar já lá estávamos. Não faço ideia. Mas havia qualquer coisa sobre o Tibete, e paisagens do Tibete, e ai, sei lá eu.

Foi qualquer coisa, e atrofiou-me, porque eu sonho com demónios e cadáveres de tripas de fora, e noivas em fuga (oh, este nem precisa de diário). Não com fantasmas do p(re)ssado. Irrita-me solenemente que tenhas aparecido no meu sonho, mas farto-me de rir perante a ideia (hipotetequíssima) de te dizer para parares de lá dar um saltinho.

Assim, seja como for, leram-me a sina no outro dia. Eu não queria. E quando quis, porque subestimei a força do lambrusco que me fizeram beber, só disse “só não me diga quando vou morrer”, e o resto seja o que Deus entender. Eu não acredito cegamente em nada, muito menos em nada que me pretenda extorquir mundos e fundos para me dar respostas vagas. Mas para quem já teve coisas muitos estranhas a acontecerem, que corrente de ar nem cansaço mental nenhum justificavam, é impensável negar a cem por cento o que nos dizem nestas brincadeiras. Sim, passado meia hora esquecemos. Mas nem por isso.

Então, comecei a sessão estilo super mulher de carreira, só perguntas profissionais. Era eu que partia o baralho, era ela que dava as cartas. A última era invariavelmente a do Triunfo. Deus te abençoe, filha, que eu não posso. À medida que o alcoól me ia invadindo o sangue, e motivada por tanto potencial triunfo, dei por mim a perguntar coisas que nem sabia que queria perguntar. Lá veio o triunfo outra vez, mas só se se mexer “querida”. A querida não se mexe, senhora bruxa. As suas cartas deviam-na ter avisado- Porque diabo terá de ser sempre a querida a mexer-se? Não. Prioridades. Tempo. Se não te dão tempo não és prioridade, hã?

Agora reparei noutra coisa. Também sem querer, juro. Não sou stalker. Já tenho medo que por o dizer tantas vezes pensem que sou, mas juro que não é o caso. Duas coisas me assustam: a morte, e stalkers. Nunca. Stalker, nunca. Isto são coincidências infelizes, e mais nada. A não ser que a criatura que vai para o Tibete comigo, ou sem mim, sei lá eu, esteja a fazer tudo isto de propósito, tão absurdamente cruel que ninguém iria chegar lá.

Não- As pessoas normais não são assim, certo? As pessoas estranhas como eu veêm sinais em tudo e mais alguma coisa, e as pessoas normais riem-se, porque não têm imaginação ou criatividade suficientes para ver as coisas da mesma forma… Certo? Ou porque sabem que as coisas não são realmente, assim tão complexas. As coisas são aborrecidamente simples.
E aqui, peço desculpas à Maria com 17 anos, que veria sinais mágicos e aborreceria as amigas com incessantes “tás a ver? Tás a ver? a nossa música estava a dar enquanto nos cruzámos no corredor”. A Maria com 27 anos pede desculpas por: a) ser burra há 10 anos atrás e achar que havia such a thing como sinais, ou b) estar tão cínica e formatada, que ignora todas as ajudas do Universo e se recusa a entender a mensagem que têm para lhe dar. E daí, oh Universo. It takes two to tango. De que me serve a mim, sozinha, ver a luz?

Ah, pois. Good luck with that.

No comments: