28 December, 2009

Coisas estúpidas, estranhas e impossíveis

Se o amor não passa de uma reacção química destinada a enganar-nos de modo a assegurar a continuação da espécie, porque é que há pessoas que nos atingem de modo fulminante, fazendo as típicas borboletas no estômago terem nova metamorfose e transformarem-se em bichos gigantes a comerem-nos as entranhas?
Talvez não haja almas gémeas, mas sim químicos gémeos ou hormonas gémeas. Nunca acreditei em amor à primeira vista, porque à primeira vista não se conhece verdadeiramente ninguém, e é pelas qualidades (e principalmente pelos defeitos) que nos apaixonamos.
No entanto não há como negar que há pessoas que nos são completamente indiferentes, muitas vezes pessoas que desejávamos poder não achar indiferentes. E outras que têm em nós um efeito devastador. Porquê? Que químicos são responsáveis por esta discriminação de atracções? Não sei, não gosto de pensar nestas coisas cientificamente. Quando a ciência se mete no amor tira-lhe a piada toda.

19 September, 2009

Facto curioso

Tenho a cara e os joelhos da mesma cor: roxo.


Gosto de acreditar na inexistência do passado, porque a verdade é que o passado não existe, e como tal torna-se irrelevante se existiu ou não, porque no presente não existe nem há maneira nenhuma de lá voltarmos. Sem ser a nossa memória. Se não me lembro das coisas elas nunca existiram. Ponto. Até que começo a encontrar bocadinhos do puzzle espalhados aqui e ali. Reais. palpáveis. E como tal impossíveis de ignorar.

Hoje tudo é estranho e errado, mas de certa forma tudo faz sentido. Faz sentido porque há demasiadas coisas que não fazem sentido, e hoje tudo à minha volta e tudo dentro de mim faz questão de me lembrar isso.

07 August, 2009

Está provado que tenho o/a sparkle. Após anos a sentir-me unlovable, finalmente tenho aquilo que invejava em todas as outras.
E agora que aconteceu, volta tudo em catadupa.

Medo, fobia, masoquismo, burrice, não sei o que é, mas aconteceu outra vez. There I go... Running for the hills. Será auto-sabotagem? O que aconteceu à pessoa que lutava por casos perdidos? Ter-se-á tornado ela própria um caso perdido? Não me percebo, e tenho medo de me perceber...
Não. É uma questão matemática. Se eu à partida já tinha em mim mais esperança que a maioria, por muita que tenha morrido alguma há-de restar. Não sei é se será maior que o medo. Estupidez ou não, não estou mesmo em condições de me magoar outra vez. Porque se isso acontecer perco-me de vez, e nunca mais consigo voltar.
Há uma parte de mim que ainda acredita que tudo pode e deve ser simples, mas há outra que me prende e não me deixa sair do sítio. Um dia vai ter que acontecer como no Identity, e só uma vai sobreviver. Sei perfeitamente que a parte "boa" vai vencer, felizmente está cá há muito mais tempo. Sinto que esse dia já esteve mais longe, mas também sinto que vai demorar demasiado tempo a chegar.
Somos tão mais fortes do que imaginamos, e tão cobardes ao mesmo tempo...


Be careful what you wish for, 'cause you just might get it all...

22 April, 2009

Estrada

Sigo.
Sempre em frente. Não posso parar. Não posso...

É sempre a mesma estrada. É sempre a mesma estrada que nunca mais acaba nem chega a lado nenhum. No princípio estava entusiasmada, curiosa. Corria por aqui fora, ansiosa de ver onde me levaria. Agora arrasto-me. Arrasto-me penosamente, os pés ardendo dentro dos sapatos em bico, a gravilha furando-me as solas. Não sei há quanto tempo caminho mas sinto as pálpebras pesadas e a garganta seca. Mas não posso parar.

Dentro de pouco tempo, mesmo que não chegue a lado nenhum, esta estrada vai deixar de ser sempre igual. Como quando se anda muito tempo no deserto. O calor, o cansaço e a desidratação vão tornar esta estrada numa alucinação. Dentro em breve o solo vai ondular-se, as bermas vão ficar distorcidas e a realidade vai ser o que o meu cérebro quiser.

O que foi dito e é verdade vai ser suplantado pelas acções dúbias que são mentira, os momentos de riso cruel vão-se tornar nas nossas gargalhadas sinceras, as certezas vão afastar os olhares indiferentes, a voz do Mundo vai calar a minha voz interior, e o filme vai começar do princípio para o fim em vez do contrário.

Quem me dera poder sair daqui, poder trocar de realidade, ao menos em fantasia, poder acreditar por um momento que algo talvez possa ser um pouco diferente, mesmo que não possa.
Quem me dera poder virar numa curva e descobrir a saída da estrada, em vez de andar em círculos e ir parar sempre à mesma encruzilhada deste labirinto. Gostava de poder voltar ao tempo em que as alucinações eram reais.

Qual cão de Pavlov, tocavam o sino a meio caminho e eu esquecia-me que a estrada não levava a lado nenhum. Chamam-lhe reflexo condicionado. Eu não tenho culpa. Treinaram-me assim. Convenceram-me que o efeito seria sempre o mesmo. Aquela campanhia, qual sino de santuário, fazia-me ficar segura, sonhadora, acreditando que aquela seria a vez em que encontraria o fim da estrada. Desta vez enganei-me. Estou imune à alucinação. Agora, ser evoluído pelo tempo, ouço a campainha mas já não caio na conversa. Já não sinto o efeito.
As campainhas são as mentiras da alma. São as tretas que nos contam para nos manterem estupidamente a percorrer uma estrada que não vai dar a lado nenhum. Para não nos deixarem desistir de uma missão estúpida e sem sentido que julgamos nobre. E rirem. Rirem muito.

Toca as campainhas que quiseres. Eu sei que esta estrada vai dar ao mesmo beco do costume.

28 February, 2009

A vida num molho de bróculos

É mesmo verdade que os homens deviam vir com manual de instruções.

Devido a atitudes de terceiros que me têm tirado o sono (mas infelizmente não a fome) vi-me obrigada a voltar a pegar no "Os homens são de Marte, as mulheres de Vénus" de John Gray, em busca de respostas. Para já tenho de dizer que não sou de todo fã de livros de auto-ajuda, em parte porque é um bocado triste ler livros de auto-ajuda e em parte porque sempre tive a ligeira sensação que tudo o que fazem é desajudar

Ofereceram-me este livro praí há 3 anos e nunca consegui passar do 2º capítulo, porque quando o senhor Gray começa a dissertar sobre elásticos marcianos e cavernas a coisa começa a tornar-se demasiado perturbadora e obriga-me a desitir de tentar perceber alguma coisa. Mas basicamente a ideia básica é esta: os homens são como elásticos, aproximam-se até certo ponto e depois sentem a necessidade instintiva de se afastarem, para "encontrarem a sua independência e autonomia". Ou seja, um homem sente a necessidade de intimidade com uma mulher, mas quando essa necessidade é satisfeita ele sente a necessidade de se afastar e de se isolar na sua caverna - aka cabeça - para poder depois voltar ainda com mais vigor, como quando se estica um elástico e se volta a soltá-lo, ele vem com mais energia (ou como o senhor Gray não diz, o homem entra em pânico quando a coisa começa a ficar séria e foge a sete pés).

Isto, de acordo com o livro, acontece quando um homem ama uma mulher. Portanto se um homem se afasta na pior altura possível, em vez de darmos ouvidos ao nosso instinto e matar o desgraçado que nos enganou da pior maneira, temos de ter em conta que há 2 opções para o afastamento:

-Ele está-se completamente nas tintas
-Ele está perdidamente apaixonado

Thank you so much for the insight, Mr. Gray!

Self-aid books my ass...!