31 July, 2014

Florence Nightmare

Dizem que quando sonhamos que alguém morre, estamos a dar-lhe vida. Eu não sou propriamente supersticiosa, mas também não deixo de ser. Como tento sempre explicar às pessoas de forma ridiculamente simplista, acho que o simples facto de os homens terem um pénis e as mulheres uma vagina é uma coincidência demasiado perfeita para ter sido randomly generated num Big Bang ou coisa do género. Alguma coisa há-de haver, e acho uma pretensão gigante da nossa parte acharmos que não. Viemos de onde, afinal? E antes que entre numa daquelas dissertações que são claramente demasiada fruta para o nosso triste cérebro humano, que se sente enrolado e exausto quando entramos nelas, vou mudar para o assunto original: sonhos.

Portanto, segundo o povo, estou a dar vida à pessoa que sonho que morre. Mas e se sonhar que a pessoa morreu, ressuscitou, e voltou a morrer horas depois? Que raio significa isso? Deverei aplicar a regra dos pesadelos fodidos e contar a alguém, para que não aconteça? E se contar a um blogue que já ninguém sabe que existe, isso conta? Eu sei que ando a falar muito de sonhos ultimamente. Mas isso é porque tenho andado a ter sonhos macabros e extremamente gráficos, e acordo toda atrofiada. Mas sempre os tive. Só que às vezes deixo de ter, e por algum motivo quando voltam nunca estou à espera. Mas estes, já vão em dois. E eu não costumo ter sonhos repetidos, e sim, tenho vergonha de admitir mas é verdade, fico a questionar-me se quererão dizer alguma coisa.

Então, ando a sonhar de que os gajos de quem gostei morrem, voltam à vida, e morrem outra vez. No primeiro, era o único gajo que eu amei nesta vida. Pretérito perfeito. Mas não no sonho. No sonho ele morria, e lembro-me da dor que senti, e isso é que me assustou, no sonho eu ainda o amava e mesmo a dormir senti-o, lembro-me do desespero como se fosse palpável. Depois ele ressuscitou, sabe-se lá como mas no sonho nem me importava, lembro-me que fizemos amor, mas longe de um sonho erótico, era absolutamente horrível, nem sei bem porquê ao certo, mas eu amava-o à mesma. No dia seguinte íamos jantar fora, mas pessoas que não sei quem eram pararam-me no meio da rua, tipo filme, e disseram "I'm so sorry, he's gone"-E como num filme B, corri para um saco do lixo que estava ali ao pé, e lá dentro estava o coração dele (lembro-me agora de um pormenor importante, ele tinha voltado à vida porque lhe tinham substituido uma válvula cardíaca, que aparentemente falhou). Bem, horrível. Horrível ter parecido tão realista, apesar do ridículo que foi.

Sonho segundo, fui sonhar com o A. Por mais que o meu orgulho não o queira admitir, eu nunca amei o A, mas estive lá perto. O sonho com o A foi medonho. Neste, ele não ressuscitou. Mas, à Sci-fi, morreu, e contaram-me que tinha caído de um telhado. E o dia seguinte não era o dia seguinte. O tempo tinha voltado incompreensivelmente atrás, estávamos no dia em que ele iria morrer, e cabia-me a mim evitá-lo. Em vez de parecer que estou a contar sonhos absurdos só porque sim, gostava de conseguir transpôr para as letras o quanto estes sonhos me transtornaram. Em primeiro lugar porque eu amava estas pessoas e conseguia senti-lo como neste momento sinto os meus dedos a bater no teclado. E isso fez-me um confusão enorme, porque fui logo sonhar com as duas pessoas que realmente me poderiam fazer sentir assim, mas não agora, e não nos últimos bons anos. Fucks me up. Mas continuando. O A era no meu sonho. tão destrutivo, ou quase, como o é na vida real. Pior, vivíamos numa cidade universitária inventada pelo meu subconsciente. onde em todos os telhados havia um toldo gigante tipo trampolim, e os estudantes, em vez de andarem a pé como no mundo real, saltavam de toldo em toldo, para se deslocarem pela cidade. E ele ia morrer caindo dum telhado. No meu sonho disse-lhe que ele ia morrer. e para ter cuidado, e ele riu-se de mim, como o faria na vida real. Então dei-lhe a mão, e saltei de toldo em toldo, com ele, a cidade lá em baixo, a 10metros de altura. Mas sobrevivemos. E quando começámos a andar pelas ruas como pessoas normais, eu tinha de o desviar da rota do comboio turístico, e de carros desgovernados que vinham contra nós. O pânico era real. Aquilo não era um sonho. Às vezes penso se os sonhos não o serão, e serão as nossas vidas numa outra dimensão, mas this is too much and I sound insane. Chegou a um ponto em que já tinha passado da meia noite e ele não tinha morrido, mas eu nem por isso estava descansada. Ele quis ir a uma festa e eu fui com ele. Não era uma festa numa casa. Era em ruelas tipo Bairro Alto, rodeadas de casas de 2/3 andares. A certo ponto ele desapareceu, eu estava bêbeda e corria as ruelas em desespero à procura dele. De repente começou a tocar uma cena super estranha, uma mistura da minha música preferida de Blink com a dele de Good Charlotte. E eu soube. Corri, em profundo pânico, tanto que ainda o sinto ao escrever isto. E vi-o à beira de um telhado, com uma bezana maior que ele, e soube que já não ia a tempo.

Nunca na vida sonhos me traumatizaram tanto como estes. Mas penso que, se ignorar a parte da superstição e for apenas pela parte pela parte psicológica, isto até pode ser bom. Só sonhei com 2 pessoas. Nenhuma terceira fez uma aparição. Ainda bem. That says a lot.

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