30 July, 2014

Sem sentido.

A gente nunca conhece verdadeiramente ninguém. Oh, diz-me algo que eu não saiba. Que as pessoas têm mil nuances, que são imprevisíveis, que a certa altura dá-lhes um vipe descomunal e começam a agir como o evil twin, e assim continuam, e que a gente fica a questionar-se se tiveram um curto-circuito e se tornaram uma pessoa diferente, ou se sempre foram assim e finalmente lhes caiu a máscara.

Toda esta conversa encaixa quando se fala de pessoas que conheces há anos e anos, e mais do que conhecer, conheces intimamente, a ponto de saber como aquela pessoa irá reagir em determinada situação, até que já não sabes mais porque as pessoas são imprevisíveis e esta resolveu relembrar-te isso.

Mas e se falarmos de pessoas que mal conheces? Se falarmos de pessoas como personagens de um conto nunca passado para o papel, na tua cabeça, a que atribuiste qualidades e defeitos fictícios só porque pareciam "encaixar" com a camada superficial que te mostraram? Odeio que me façam diagnósticos psicológicos/psiquiátricos baseados numa, ou em duas, observações casuais: sujeito A cruzou os braços quando lhe falei da infância, numa posição claramente defensiva, fechando-se a eventuais perguntas e aprofundamento do assunto. Sujeito A teve, obviamente, um qualquer trauma de infância. Ah, vão à merda com as vossas psicologias pop. Sujeito A cruzou muito provavelmente os braços por nada que mereça análise. Se calhar tinha frio.

Quem sou eu, então, para fazer tais diagnósticos? Quem sou eu para me sentir desiludida porque Sujeito B não é como eu platonicamente imaginei que fosse? Quem sou eu para me atrever a ofender-me por ter errado um diagnóstico que, em primeiro lugar não deveria ter feito, e em segundo lugar, não tinha dados suficientes para fazer? Não entendo porque insisto em querer tornar as pessoas em algo mais interessante do que realmente são, e me desiludir com isso à posteriori. Imagino heróis de guerra com PTSD enquanto à minha frente tenho vagabundos sem valores nem moral, e que muito se orgulham disso.

Ennui... AmIrite?

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